O meu sogro faleceu na passada 3ª feira. O papá do papá, o "Vô" velhinho como lhe chamava a Inês.
Por vezes a vida prega-nos destas partidas. O funeral foi 5ª feira de manhã e acontecia ao mesmo tempo que eu me encontrava na ultima consulta antes do nosso bébé nascer.
Está a ser meio complicado para o meu marido e para todos nós ter consciência plena que uns morrem para outros nascerem. É estranho.
Desde que o conheço, e já lá vão cerca de 15 anos, que o ouvia dizer em todos os aniversários que para o ano já cá não estaria. Depois repetia a mesma história de cada vez que vinha um neto a caminho. Sempre o conheci assim, com aquele ar de velhinho. Viu nascer 3 netos e conseguiu ultrapassar muitos problemas de saude e de vida. A verdade é que se aguentou até agora.
Este neto ele não vai mesmo conhecer mas tinha de aqui deixar umas palavras para mais tarde ele saber que este avô sabia que ele vinha a caminho, que ficou feliz com a noticia, que a mana em bébé gostava muito de estar ao colo dele e que agora, maiorzinha, gostava de receber o rebuçado ou a moeda que ele tinha sempre para ela.
Dele vem-me sempre à cabeça os nossos tempos de namoro, quando o íamos visitar e eu vinha sempre com a minha mochila cheia de ovos frescos das galinhas que ele tratava. Héé Héé, não sei como nunca "esborrachei" nenhum dentro do saco. Eu, a menina da cidade, achava um piadão áquilo.
Porque não o foi da outra forma, esta é a minha despedida, o meu adeus...
1920-2008